Marcos deBrito incentiva produção de filmes de terror e quer gênero em mostras autorais e comerciais

Diretor retornou ao Circuito Penedo de Cinema anos depois da primeira participação quando estreou a Quarta Macabra

Deriky Pereira – jornalista

O diretor Marcos deBrito (Foto: Adriano Arantos)

“O [gênero] terror acaba sempre sendo colocado em mostras especiais e nós que produzimos terror acreditamos que a nossa produção merece estar competindo com obras mais autorais e comerciais porque o meio de produção é igual.” Essa foi a frase dita pelo diretor Marcos deBrito, um dos convidados do projeto Quarta Macabra, realizado no último dia 27, na Praça 12 de Abril, como parte da programação do Circuito Penedo de Cinema.

Marcos retornou ao evento quatro anos depois de participar da primeira edição de Quarta Macabra, em 2022. “Eu inaugurei a Quarta Macabra com o filme Condado Macabro um longa slasher que é meu e o bacana é que caiu a responsabilidade sobre esse filme de ver se a Quarta Macabra ia continuar ou não na programação do festival e naquele ano lotou. Daí, o Sergio Onofre falou pra gente fazer sempre e pra mim é uma honra voltar ao festival pra abrir um filme do Rodrigo Aragão [O Cemitério das Almas Perdidas], o diretor de terror mais proeminente que a gente tem”, celebrou.

No Circuito, Marcos retornou com a exibição do curta Apóstolos, que surgiu a partir de um convite de Ricardo Ghiorzi, diretor catarinense, que tinha o projeto de juntar cineastas proeminentes que faziam terror no Brasil para criar uma antologia. “No início eram 13 filmes porque era um longa que se chamava 13 Histórias Estranhas. Mas como algumas pessoas não conseguiram terminar os seus filmes a gente reduziu e ficou um longa chamado Histórias Estranhas. Então, cada diretor ganhou um número – eu ganhei o 12 – e a partir disso eu criei uma relação com os 12 apóstolos, por isso o nome do filme. Ele tem 14 minutos, é o último segmento do longa Histórias Estranhas, que tem 80 minutos”, explicou.

“É muito difícil fazer filme de terror no Brasil”

A frase acima foi dita pelo diretor Marcos deBrito que justificou apontando que ainda existe muito preconceito com o gênero no país, especialmente relacionado a questões religiosas e marcárias. Ainda segundo ele, existem aqueles que consideram que os filmes são de muito mau gosto.

Em entrevista, Marcos deBrito incentiva produção de filmes de terror e quer gênero em mostras autorais e comerciais (Foto: Adriano Arantos)

“Mas, mau gosto pra quem? O filme de terror é o de maior custo-benefício mundial que existe: ele custa mais barato que um filme tradicional e traz mais retorno, só que o brasileiro nao ve dessa maneira, aí a gente demora a ingressar numa indústria cinematográfica do genero terror por causa de um preconceito bobo, errado, a pessoa nao entende o que está falando, mas entende que se associar sua marca com algo que envolva algo, talvez, profano, mal-estar, vai prejudicar a marca dela e isso não é verdade”, disse.

O diretor disse ainda que o gênero sempre acaba sendo colocado em mostras especiais, mas ele acredita que os filmes têm a mesma condição – ou mais – de participar de mostras com filmes mais autorais e comerciais, pois o meio de produção é o mesmo.

“A gente vai atrás de incentivo quando a gente não consegue investe do próprio bolso, enfim, às vezes é uma luta até mais ardua porque o terror é um gênero que as pessoas não investem tanto. Acho que um prêmio pra nós é podermos estar nas mostras principais também e não sempre abrir uma mostra secundária ou paralela para que os filmes possam ser exibidos. Acho ótimo que isso existe, mas existe para fomentar essa visibilidade ao gênero para num futuro próximo ele pertencer também as categorias principais”, salientou Marcos.

“Não desanimem”

O diretor aproveitou a oportunidade para mandar um recado àqueles produtores e produtoras que desejam iniciar trabalhos no gênero ou para os que, como ele, já estão no mercado.

‘A mensagem é não desanimar. Nós quando nos conhecemos, as pessoas que produzem terror, no caso, todo mundo é muito amigo, se ajuda e torce um pelo outro. Então, não existe essa competitividade. Nossa questão é ingressar num mercado audiovisual pra conseguir editais e concorrer de igual pra igual. Então, assim, não desanima que uma hora isso vem”, disse.

Curta Apóstolos exibido na Quarta Macabra do Circuito (Foto: Adriano Arantos)

Ainda segundo ele, mesmo sem ser contemplados com editais, produzindo de maneira sincera e honesta, mesmo com orçamento inferior aos demais, o filme se destaca. “A gente não costuma ganhar edital, mas quando o filme tá pronto, depois de muita luta, ele ganha mais destaque do que aqueles que ganharam edital porque percebe-se que o filme foi feito, não só com muito esforço, mas com o coração, com intenção e com várias coisas que muitos filmes comerciais fazem só pelo retorno financeiro e a gente não tá preocupado com o retorno financeiro, a gente quer se divertir. A gente se diverte muito fazendo filme de terror e a gente vê as pessoas se divertindo enquanto assistem”, concluiu Marcos deBrito.

Leia mais sobre a Quarta Macabra aqui.

Sobre o Circuito

O Circuito Penedo de Cinema será realizado até o domingo, dia 1º, pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pelo governo de Alagoas por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas (Secult-AL) e pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS).

Além disso, o evento tem patrocínio do Banco do Nordeste, Ministério da Cultura e governo federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Prefeitura de Penedo, do Sebrae, Instituto do Meio Ambiente (IMA-AL), Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), e apoio da Mistika, Super Connect, Infograf, Partiu Penedo e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

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