Diretor, ator e roteirista estiveram na sessão e participaram do bate-papo sobre o filme na manhã da quarta-feira (27)
Natália Oliveira – jornalista com fotos de Adriano Arantos
“Esse edifício alto era uma casa velha, um palacete abandonado. Foi aqui seu moço, que eu, Mato Grosso e o Joca construímos nossa maloca”. Este é um dos versos de Saudosa Maloca, uma das músicas mais conhecidas do cantor, sambista e cronista Adoniran Barbosa, que virou roteiro do filme homônimo, exibido na Mostra de Longa-metragem Nacional do Circuito Penedo de Cinema na noite da última terça-feira (26).
Estrelado por Paulo Miklos (Adoniran Barbosa), Gero Camilo (Mato Grosso), e Gustavo Machado (Joca), o longa-metragem tem direção e roteiro de Pedro Serrano, e roteiro de Guilherme Quintella. E os dois estiveram presentes com Gero Camilo no bate-papo realizado na manhã da quarta-feira (27) na Casa de Aposentadoria de Penedo.
Ao contrário do que muitos pensam, o filme não é uma cinebiografia, mas, sim, baseado na obra do sambista, com uma narrativa desenvolvida de acordo com os versos da canção. “É legal ver como ele abre diálogo pra gente falar de coisas, como o desenvolvimento social e local através de uma linguagem crítica, mas também através do humor. Adoniram cantou a cidade de São Paulo em formas de crônicas”, disse Pedro Serrano.
Durante o bate-papo, o diretor comentou sobre a repercussão de Saudosa Maloca e da importância de assistir a filmes no primeiro fim de semana de estreia, já que os três primeiros dias em cartaz ditam o sucesso ou fracasso na bilheteria, e, consequentemente, a permanência da exibição nas salas de cinema. “Acho que a gente teve a sorte, um pouquinho de competência, que o filme na primeira semana dobrou em muitos lugares para além de São Paulo. E foi dentro de uma realidade de um filme que é independente, e ele foi se mantendo nas salas”, contou.
O trio destacou a felicidade e relevância de estarem com o filme em Penedo. Mas, para Guilherme Quintella, estar no Circuito tem um sentido ainda mais especial. O roteirista confessou que o avô é natural de Penedo e que esteve na cidade pela última vez no início da adolescência. “Retornar aqui é uma grande emoção, nesse lugar de cinema. Então acho que além do filme, que é muito especial pra mim, ainda tem esse lugar familiar”, explicou.
Sintonia
O desenvolvimento do longa-metragem foi facilitado pelo trabalho prévio feito por Pedro Serrano sobre o sambista, com o curta-metragem Dá Licença de Contar, também estrelado por Paulo Miklos, Gero Camilo e Gustavo Machado, de 2015, e o documentário Adoniran – Meu Nome é João Rubinato, lançado em 2020.
O tom cômico do filme também foi pontuado durante o bate-papo. Gero Camilo fez questão de destacar a liberdade que o diretor Pedro Serrano deu ao elenco para improvisar. “Tem muito improviso, muito mesmo, porque o Pedro também tinha essa visão aberta para o filme. Como diretor, ele tinha essa sensibilidade de apostar nos atores e deixar a gente fluir com o negócio”, disse.
Segundo o ator, o fato de terem trabalhado juntos no curta-metragem foi fundamental para a construção dos personagens no longa. “O curta foi a primeira coisa que nós fizemos, foi um processo de muita criatividade, de muita improvisação. A gente criava muitas cenas que depois o Pedro aproveitou para desenvolver”, disse Gero.
Sobre a parceria com Gustavo Machado, intérprete de Joca, Camilo destacou a sintonia com o colega na construção das cenas por terem estudado juntos na Escola de Arte Dramática. “Já existia uma aproximação de linguagem, de física, que nós dois já tínhamos, que é o Contato Improvisação, uma técnica que mistura teatro e dança”. De acordo com o ator, isso foi fundamental para a construção do personagem Mato Grosso.
Saudosa Maloca esteve em cartaz no primeiro semestre de 2024 e atualmente está disponível nas plataformas de streaming.
Sobre o Circuito
O Circuito Penedo de Cinema será realizado até o domingo, dia 1º, pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), pelo governo de Alagoas por meio da Secretaria de Estado da Cultura e Economia Criativa de Alagoas (Secult-AL) e pelo Instituto de Estudos Culturais, Políticos e Sociais do Homem Contemporâneo (IECPS).
Além disso, o evento tem patrocínio do Banco do Nordeste, Ministério da Cultura e governo federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Prefeitura de Penedo, do Sebrae, Instituto do Meio Ambiente (IMA-AL), Comitê de Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), e apoio da Mistika, Super Connect, Infograf, Partiu Penedo e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
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